"A coisa parece-me bem." Lembrei-me desta afirmação quando estava, comodamente, a passear no "Marché aux Puce" da "Place du Jeu de Balle", em Bruxelas (mais um mercado de antiguidades a que não resisto...).
A expressão veio de um idoso já manifestamente degastado pelos anos de agricultura rudimentar e de sabedoria enriquecida pelos anos de meditação, que só a solidão consegue dar. E devia-se à criação de um lar, para burros já velhos e desgastados pela colaboração contínua com o homen em trabalhos da terra. Pelo que me deu a entender foi proferida com manifesta satisfação, por dar destino anódino e merecido a um velho burro amigo que lhe pertencia há já vários anos e que já não tinha como tratar.
Simples e explicitamente bela...
Pois enquanto estudava a melhor forma de aprisionar aquela malga de misturas raciais e de objectos aparentemente anacrónicos, tive a felicidade de me distrair (não há mesmo nada a fazer...). Vi então, não com aquele olhar técnico que tanto aprecio, uma mescla étnica e cultural que trazia à Bruxelas, sobejamente esterilizada, alguma cor viva. Ondas de calor inebriantes que me envolveram num manto de lã macio e que me protegiam do típico frio Belga. Mas não apenas a mim...
Lembro-me de apreciar um plausível marroquino (confortavelmente e majestosamente sentado no seu trono decrépito) a discursar, para duas aparentes belgas, acerca de assunto que não me foi possível perceber devido a distância que nos separava. Mas cuja influência nas expressões faciais (intenda-se como sorrisos) belgas demonstravam claramente a autoridade burlesca e calma que este impunha na sua estória.
Recordo-me igualmente daquele romeno romântico e romanesco que cantava e roçava no seu acordeão já gasto e reformado a ladainha do seu país, em troca de uns trocos indeterminados e incertos.
E presumo que foi neste momento que me surgiu a expressão: “A coisa parece-me bem.” Porque me parece bem que as diferenças culturais e étnicas, de várias nacionalidades, tragam diversidade e condimentos em localidades que não as têm. Sejam as especiarias pretas, brancas, vermelhas, amarelas ou mesmo roxas...
Bruxelas, 03/2007
A expressão veio de um idoso já manifestamente degastado pelos anos de agricultura rudimentar e de sabedoria enriquecida pelos anos de meditação, que só a solidão consegue dar. E devia-se à criação de um lar, para burros já velhos e desgastados pela colaboração contínua com o homen em trabalhos da terra. Pelo que me deu a entender foi proferida com manifesta satisfação, por dar destino anódino e merecido a um velho burro amigo que lhe pertencia há já vários anos e que já não tinha como tratar.
Simples e explicitamente bela...
Pois enquanto estudava a melhor forma de aprisionar aquela malga de misturas raciais e de objectos aparentemente anacrónicos, tive a felicidade de me distrair (não há mesmo nada a fazer...). Vi então, não com aquele olhar técnico que tanto aprecio, uma mescla étnica e cultural que trazia à Bruxelas, sobejamente esterilizada, alguma cor viva. Ondas de calor inebriantes que me envolveram num manto de lã macio e que me protegiam do típico frio Belga. Mas não apenas a mim...
Lembro-me de apreciar um plausível marroquino (confortavelmente e majestosamente sentado no seu trono decrépito) a discursar, para duas aparentes belgas, acerca de assunto que não me foi possível perceber devido a distância que nos separava. Mas cuja influência nas expressões faciais (intenda-se como sorrisos) belgas demonstravam claramente a autoridade burlesca e calma que este impunha na sua estória.
Recordo-me igualmente daquele romeno romântico e romanesco que cantava e roçava no seu acordeão já gasto e reformado a ladainha do seu país, em troca de uns trocos indeterminados e incertos.
E presumo que foi neste momento que me surgiu a expressão: “A coisa parece-me bem.” Porque me parece bem que as diferenças culturais e étnicas, de várias nacionalidades, tragam diversidade e condimentos em localidades que não as têm. Sejam as especiarias pretas, brancas, vermelhas, amarelas ou mesmo roxas...
Bruxelas, 03/2007
1 comment:
Gostei da tua perspectiva.
Quando fiz lá Erasmus, vi muito cinzento e senti muito frio. Talvez se tivesse a minha Ixus na altura, teria ficado com outra imagem da Bruxelas.
E dos Belgas.
Gosto muito das tuas fotos.
Fiquei com vontade de lá voltar.
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